Diante de um cenário de insegurança na política e na economia do País, os fortalezenses estão postergando compras que requererem maiores investimentos, como a da casa própria. Com isso, um novo público entra no mercado da locação de imóveis no Estado, resultando em um crescimento no número de unidades alugadas 9,47% maior do que o de locações devolvidas, no primeiro semestre deste ano, em comparação a igual período do ano passado. Os dados fazem parte do índice AADIC/DataImobi, realizado pela Associação dos Administradores de Imóveis do Estado do Ceará (AADIC).

O presidente da AADIC, Germano Belchior, ressalta que o índice contempla imóveis residenciais e comerciais. “Houve um crescimento na procura dos residenciais, pelas pessoas estarem adiando a decisão da compra do imóvel, pelo mercado estar muito nervoso. Já os comerciais foram os mais afetados com a crise, registrando a maior desocupação”, explicou.

A pesquisa analisa três aspectos do mercado imobiliário do Estado: o volume de novas locações x devoluções de imóveis; a oferta de imóveis por bairros e evolução de preços nos últimos primeiro semestre de 2016; e ainda dados sobre a inadimplência.

Oferta cresce

Além de registrar um crescimento no volume de novas locações no Estado, o levantamento também mostrou a elevação da oferta de imóveis nos dez bairros analisados pela associação, escolhidos por possuirem a maior quantidade de empreendimentos disponíveis para aluguel.

O bairro Meireles registrou a maior alta no número de estabelecimentos disponíveis para locação, com acréscimo de 18,10%, no primeiro semestre deste ano. Em contraponto, a região apresentou uma recuo de 2,2% nos preços dos alugueis.

Já o bairro Aldeota teve alta de 10,40% na oferta de imóveis na capital e respectivo aumento de 13,20% nos preços do aluguel. O Centro apresentou acréscimo de 5,30% nos imóveis disponíveis, com acréscimo de 7,20% nos valores.

A Messejana foi o bairro que registrou a maior queda nos preços dos imóveis, de 13,90%, mas teve um crescimento na oferta de apenas 4,7%. Na sequência da pesquisa aparecem os bairros Cocó (alta de 4,60% na oferta), Papicu (4,40%), Praia de Iracema (3,80%), Fátima (3,10%), Mucuripe (2,60%)e Engenheiro Luciano Cavalcante (2,10). Os dez bairros analisados correspondem a 59,10% da oferta de imóveis na cidade.

Inadimplência

Apesar do aumento apontado de 7,34% no atraso de pagamentos e 88,89% na inadimplência, no período avaliado, o presidente da AADIC, comenta que as altas já eram esperadas.

“A alta na inadimplência é um retrato do desemprego, do desaquecimento da economia, o que já era esperado pelo setor. Entretanto, vemos hoje locatários mais conscientes, que têm tido uma preocupação em realizar composições e devoluções dos imóveis locados para evitar ao máximo a esfera judicial, negociando suas dívidas” afirmou Belchior, ressaltando que o número de locatários inadimplentes em Fortaleza passou de 1% em 2015, para 1,9% neste ano.

Apesar da alta no percentual, a estimativa da associação, segundo Benchior, é de um cenário positivo. “Acreditamos e trabalhamos para que essa situação mude para melhor e este ano tenhamos números menores”, conclui ele.