Lei do Distrato é a mudança mais aguardada dos últimos tempos pelo setor de construção civil. Segundo especialistas, os resultados devem ser positivos principalmente para construtoras voltadas à média e alta renda, que se tornam oportunidade na bolsa de valores.

Pela nova norma, que ainda deve ser sancionada pelo presidente, clientes que desistirem da compra de um imóvel negociado na planta terão de pagar até 50% do valor já dado à construtora como multa para desfazer o negócio. Até então, não havia padrão para esta multa, e boa parte dos casos ia parar na Justiça e gerar multa de 10% a 15%.

Há tempos, a compra de imóveis por especuladores era uma das grandes queixas de incorporadoras, bem como o aumento no número de desistências em momentos de queda nos preços, principalmente durante a crise econômica. Como a maior parte do dinheiro era devolvida aos desistentes, as empresas alegavam problemas de fluxo de caixa em projetos importantes.

A nova regra deve desencorajar essas práticas e diminuir estes custos para as empresas e melhorar os resultados financeiros para os próximos trimestres. A confiança deve aumentar e, consequentemente, deve haver uma retomada nos lançamentos, praticamente paralisados há meses.

Tecnisa, Helbor, Gafisa, Even, Eztec e Cyrela já estão no radar de analistas para a composição de carteiras de investimentos que aproveitarão este movimento.

Para o analista Jorel Guilloty, do Morgan Stanley, há um ponto de inflexão na indústria de construção nacional – ainda prematura na comparação com o resto do mundo. Há meses, o estoque de imóveis está abaixo da média, e a demanda, bem como a disponibilidade de crédito devem aumentar futuramente, ao menos para os níveis pré-crise.

O mesmo analista considera a Cyrela a melhor empresa para aproveitar este momento de virada no ciclo, enquanto outros especialistas dão destaque a empresas mais alavancadas, como a Tecnisa, Helbor, Gafisa, cujo poder de investimento em novos empreendimentos deve trazer mais resultado rapidamente.

Na bolsa, a Tecnisa (TCSA3 +1,55%) fechou o último pregão de 2018 com disparada de 7,40%, e a Helbor (HBOR3 +7,35%) viu ganhos de 2,02%. Enquanto isso, a Even (EVEN3 +7,81%) subiu 1,18% na mesma data.

As ações da Cyrela (CYRE3 +2,08%), uma das empresas que mais abertamente falaram sobre a nova legislação, abriram em leve queda, mas recuperaram e fecharam o ano com alta de 2,85% no último pregão.

Já Gafisa (GFSA3 -0,74%) subiu 2,23% após um dezembro de oscilações entre altas e baixas na bolsa. Vale lembrar que a ação teve um movimento atípico e subiu por 17 dias seguidos até o dia 5, mesmo em datas de queda brusca do Ibovespa. Além disso, a companhia está passando por uma reestruturação intensa após a chegada de novos acionistas da GWI em setembro.