O velho conceito de que a compra de um imóvel é um bom investimento é algo que passa de geração em geração. Na hora de fazer o planejamento de longo prazo, você certamente já deve ter ouvido conselhos de familiares ou pessoas próximas atentando para a compra de um apartamento. “Aluguel é jogar dinheiro fora; no financiamento você pelo menos está comprando algo que será seu”, defendem alguns.

Mas será que este senso comum é realmente verdadeiro? O fato é que um imóvel não pode ser considerado seu enquanto não estiver 100% quitado. Ou seja, ao longo de todos os anos arcando com as parcelas do financiamento, juros da operação e outras despesas incluídas na compra de um imóvel (como taxa de corretagem e o imposto de transmissão de bens imóveis), o bem ainda é uma posse do banco ou financiadora, tendo em vista que a inadimplência pode acarretar em alienação do imóvel.

O ponto é que, diferente do que prega o senso comum, o aluguel pode ser uma opção bem mais vantajosa, tendo em vista que permite um planejamento melhor para a futura compra de um imóvel. Se isso parece difícil de acreditar, vamos aos fatos.

Imagine que você tem intenção de comprar um imóvel avaliado em R$ 600 mil, com intenção de dar 20% do valor como entrada, ou seja, R$ 120 mil. O prazo para pagamento do saldo devedor, de R$ 480 mil, é de 30 anos. Vamos considerar um financiamento com custo efetivo total (CET) e TR de 11,1% ao ano. Sendo assim, a primeira parcela começa em R$ 5.562,27, com a amortização ao longo dos anos, a última prestação fica em R$ 1.363,82. Ao fim dos 30 anos, o valor total pago pelo imóvel é de aproximadamente R$ 1,3 milhão.

Em outro cenário, imaginemos que você more de aluguel em um imóvel também avaliado em R$ 600 mil e invista os R$ 120 mil que daria de entrada no financiamento em um investimento de baixo risco, com rentabilidade líquida de 10,58% ao ano. Vamos considerar o aluguel com taxa de 0,40% ao mês e o valor do primeiro mês de R$ 2.408. Nesta conjuntura, imaginemos que a diferença do valor pago no aluguel da prestação que seria paga no financiamento também seja investida na mesma aplicação citada acima.

Diferente do que acontece com o financiamento, em 15 anos e sete meses é possível ter os mesmos R$ 1,3 milhão para a compra de um imóvel, considerando o dinheiro aplicado no investimento. Ou seja, é possível obter o dinheiro na metade do tempo previsto para o fim do financiamento.

Por mais que o imóvel financiado esteja mais valorizado ao fim da compra, é preciso considerar também as despesas geradas ao longo dos anos com manutenção. A garantia de um imóvel próprio pode fazer parte do seu planejamento de longo prazo, mas é melhor questionar o senso comum na hora de pensar nessa compra. O imediatismo de um financiamento pode gerar um prejuízo muito maior do que a compra planejada através do aluguel aliado a um investimento.