As previsões de juros e inflação elevados para 2016, assim como a inconsistência de componentes importantes para a economia brasileira, a exemplo do dólar, têm feito dos dias de hoje ainda mais difíceis para quem deseja adquirir um bem caro. De certezas, só se sabe que é necessário cortar gastos e diminuir despesas neste ano. No entanto, há determinados planos muitas vezes inadiáveis, como o casamento e a aquisição da casa própria.

Dentro do planejamento de muitas pessoas, o cenário econômico não deve ser empecilho para os que se aventurarem na compra de um imóvel, segundo afirma o diretor executivo do escritório de representação da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH) em Pernambuco, Felipe Borba Britto Passos. As necessidades básicas para atender ao comprador e sua família devem ser os primeiros fatores a serem analisados, conforme aponta o especialista. “Após a escolha, é importante conhecer bem o imóvel antes de assinar o contrato, visitando-o em horários diferentes do dia para conhecer a realidade do local, tais como o trânsito, a segurança e a vizinhança”, aconselha Felipe Passos, citando elementos importantes como área construída do apartamento ou casa, número de quartos, vagas na garagem, localização, taxa de condomínio, valor do IPTU e, lógico, o preço, que devem ser avaliados desde o início da compra. Escolhas Atentos a esses elementos, o casal de educadores físicos Ana Carolina Seabra e Caio dos Anjos iniciou a procura pelo imóvel dos sonhos em 2012.

Após conferir muitas propostas, “com casas muito pequenas e preços muito grandes”, eles encontraram uma em um condomínio fechado no Eusébio. Assim como recomenda o diretor da ABMH, os dois buscaram investigar o passado da construtora. “Pesquisamos e tivemos sorte, pois os donos treinam na academia que a gente dava aula”, contam.

Já o professor Júnior Souza e a noiva dele vasculharam sites de defesa do consumidor e consultaram antigos clientes da construtora que escolheram para construir a casa deles em outro condomínio fechado, próximo a Maracanaú. “Busquei se tinha qualquer negativação que pudesse onerar o recebimento da minha casa”, conta. Conforme o diretor da ABMH, além de órgãos locais de defesa do consumidor, “sites como o Reclame Aqui também podem ajudar na busca”. “Por meio deles, é possível tomar conhecimento sobre problemas”, indica. Crédito Para o financiamento, a atenção dos compradores deve ser ainda mais rigorosa, a exemplo do que Júnior disse ter feito: “eu consegui na Caixa (Econômica Federal) que o governo subsidiasse R$ 17,9 mil, do Minha Casa, Minha Vida, e a prestação ficou em torno de R$ 400 por 30 anos.

Outra coisa, toda a documentação saiu gratuita, pago pela construtora. Para se ter ideia, dei uma entrada de R$ 500 e todo o resto foi financiado”. Caio e Ana Carolina estão um estágio antes. Estão prestes a ter o bem entregue – a promessa da construtora é de ter a obra pronta em junho – e negociam o financiamento com o banco. Assim como o outro casal, eles tentaram ir à Caixa Econômica, mas a mudança nos critérios de contratação realizados pelo banco no segundo semestre do ano passado para o financiamento da casa própria os fez optar por contratar crédito imobiliário no banco privado no qual possuem conta.

Nesta fase, segundo o diretor da ABMH, Ana Carolina e Caio precisam conhecer as opções dadas pela instituição financeira, saber do uso do FGTS e também de quanto recurso próprio eles podem aplicar para garantir um futuro sem comprometer as finanças. “Para isso, o comprador pode solicitar uma simulação na instituição financeira de sua preferência. Dois detalhes são importantes: não comprometer mais de 20% da renda familiar com o pagamento das prestações e optar pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), no qual o mutuário paga menos juros ao final do prazo do financiamento”, completa.

Ao receber o imóvel Por fim, Passos aconselha aos compradores guardarem qualquer peça publicitária entregue pelo corretor ou pela construtora no momento da venda para, quando de posse da casa ou apartamento, poder conferir e, principalmente, cobrar algum elemento que não esteja entregue. “Verifique se tudo que foi prometido, verbalmente ou por material publicitário, consta do contrato. Na hipótese do imóvel novo – na planta ou em construção -, fique atento aos índices de correção monetária incidentes sobre o saldo devedor e parcelas futuras, e guarde todo e qualquer material publicitário”, orienta.