Ao pensar no tema para a estreia de minha coluna na Casa e Jardim, perguntei a alguns colegas e amigos o que achariam interessante ler. Como na WGSN estamos mapeando as tendências para o futuro, imaginei que haveria curiosidade por saber se teremos robôs em casa ou, então, se viveremos em locais totalmente inusitados. Mas me surpreendi como todos estão curiosos por saber o que vai acontecer com nossos relacionamentos familiares. Afinal, a casa é nosso lar, onde nos conectamos com nós mesmos e com as pessoas que mais amamos. Inspirada por essa incerteza, resolvi falar de uma tendência que já está ganhando corpo aqui no Brasil e no mundo, mas que, às vezes, não paramos para refletir: a vida em lares multigeracionais. Ou seja, pessoas de diferentes idades vivendo sob o mesmo teto.

Cerca de quatro milhões de pessoas de 21 a 24 anos estarão morando com os pais até 2025, e até 2050, o número de idosos com 60 anos ou mais deverá dobrar globalmente. Além disso, 61% das pessoas com mais de 55 anos planejam ficar em suas casas indefinidamente. Hoje, sabemos que “ter idade” ou condições financeiras para manter uma casa não necessariamente indica que sairemos da casa de nossos pais. Nem mesmo precisamos sair do conforto de nosso lar a partir de determinada faixa etária somente para que possamos envelhecer em residências específicas. E, em muitos lares formados por pessoas na faixa dos 40 anos, há também filhos pequenos e adolescentes convivendo com os avós.

Tudo isso são ótimas notícias! Por mais tempo conviveremos com nossos avós, pais, irmãos, filhos e netos na mesma casa. Apesar de vivermos o tempo todo ligados a nossos gadgets, não dá para negar que o contato físico e humano é muito desejado — tanto para os jovens quanto para os idosos. Por isso, é importante entender as necessidades e o estilo de vida de cada um. Assim como os hotéis, as moradias do futuro precisam se adaptar e, para isso, criar novas experiências e projetos que tenham como propósito unir as pessoas mais velhas às mais jovens, na tentativa de diminuir a divisão entre gerações.

Termino este texto com uma dica e uma pergunta para reflexão. Primeiro, a dica: ative a união. A socialização intergeracional é importante para ambas as partes. E a reflexão: como você pode facilitar e gerar essas conversas?