O arquiteto Diego Revollo dá dicas valiosas para quem pretende mudar a decoração de casa:
1. Excesso de Materiais
Uma das razões para alguns trabalhos seguirem atuais ao longo dos anos é o caráter quase que minimalista no que se refere aos materiais que utilizamos. Quase todos os materiais são permitidos e é saudável a experimentação de tudo que é novo. O grande erro talvez esteja em se perder no meio de tantas possibilidades e exagerar na variedade e combinações, principalmente de acabamentos.
Em relação a esse último, costumo restringir o leque dentro de um mesmo projeto. É saudável criar um padrão que aparece e se repete em vários ambientes da casa. Essa repetição cria pausas de informação que, além de dar tranquilidade, permitem que outros pontos importantes se sobressaiam no todo, como o próprio mobiliário, objetos e até mesmo peças de arte. Não é a toa que as principais galerias são brancas ou quase sempre minimalistas.
2. Falta de Personalidade
Se os excessos na estrutura ou nos acabamentos podem ser desastrosos e, portanto, desaconselháveis, a falta de ousadia, de certos exageros e até mesmo de coragem para correr riscos comprometem e deixam qualquer decoração previsível, monótona e insossa. Aqui no escritório costumo valorizar todo pedido peculiar que parte do cliente, como também gostos e hábitos que lhes são únicos. Vejo sempre nessa situação a oportunidade de “acelerar” em alguma idéia e sair da zona de conforto para tentar algo realmente único.
A vantagem nessas horas é ter o cliente como aliado, já que a idéia partiu dele, e nós apenas injetamos mais ânimo e combustível. Como o processo de construir ou reformar uma casa é longo e as decisões são muitas, a grande maioria tenta, para acertar e para evitar erros maiores, se manter nas decisões mais seguras. No entanto, na hora de decorar, por favor, deixem alguns medos de lado e tentem experimentar objetos maiores, cores ousadas ou mesmo quadros menos óbvios. Os riscos nessa hora sempre valem à pena e são a garantia de uma casa autêntica.
3. Móveis Pequenos
Um dos truques de muitos profissionais é usar móveis grandes e, muitas vezes, não exatamente proporcionais ao espaço que ele está inserido. Costumo dizer que não é porque a sua sala é pequena que os móveis devem ser todos pequenos. Normalmente espaços menores se vêem maiores e mais agradáveis quando preenchemos o espaço com móveis grandes. O volume dessas peças, muitas vezes, engana os olhos, e nos dão a sensação de espaços maiores que a realidade. Aprendi essa regra ao projetar o primeiro loft aqui no escritório.
Ao invés de propor pequenos ambientes com peças diminutas apostei na fusão do tampo da cozinha com a mesa para criar uma área de refeições com proporções de encher os olhos. Ao invés de uma mesa redonda com 1 metro de diâmetro conseguimos inserir um tampo com quase 3 m de comprimento em um loft de metragem reduzida. Uma vez, ao abrir um dormitório para a sala e transformá-lo em home, permaneci irredutível até o momento da compra do sofá. Na loja, junto com a cliente, segui argumentando que o sofá na maior dimensão possível era ali a melhor escolha, justamente para deixar o antigo “quarto” com proporção de sala.
4. Espaços Engessados
Perseguir a simetria a todo custo, na hora de pensar no layout e na escolha dos móveis, é um dos grandes erros que costumo me deparar, até mesmo em projetos de profissionais da área. Não adianta o layout estar correto no papel, com tudo perfeitamente distribuído ou centralizado, e impecavelmente simétrico, se o resultado é engessado, frio e até mesmo desconfortável. Pensar em um layout mais humano, por exemplo, em uma sala, que valorize uma conversa, que promova a intimidade e que deixe as pessoas mais a vontade, é hoje tão ou mais importante que a beleza da decoração.
Ambientes perfeitos, mas que não funcionam no dia a dia, seja na hora de usar ou mesmo receber, é talvez um dos erros mais comuns que costumo me deparar. E às vezes, é até um desafio explicar para o cliente o porquê não rebatemos os móveis simplesmente ao redor de uma mesa de centro. Muitos que me procuram já chegam com uma idéia rígida e muitas vezes precisamos mostrar as sutilezas do espaço original, como posição das janelas, circulação e até mesmo pacientemente exemplificar o uso daquele ambiente para desconstruir a rigidez inicial, sugerindo assimetrias mais interessantes e uma disposição de móveis menos engessada.
5. Comprar tudo em uma mesma loja
É verdade que concentrar alguns fornecedores costuma, além de ser mais prático, mais vantajoso do ponto de vista financeiro, já que orçamentos e vendas maiores costumam gerar maiores descontos. Mas em decoração é sempre um erro pensar apenas do ponto de vista racional e a beleza muitas vezes está no que é dissonante ou fora do conjunto. Portanto, fuja de conjuntos de sofás, conjunto de cadeiras e evite a todo custo comprar móveis de uma mesma coleção. Sim, eles podem combinar entre si, mas esse tipo de combinação é monótona e, antes de tudo, sem personalidade e criatividade.
Se você não tem paciência para garimpar, tente ao menos examinar um orçamento e fechar apenas o que se apaixonou. Para quem realmente quer uma casa autêntica, vale a pena apostar no contraste de peças fora do contexto. Não importa se você não tem afinidade com antiquários ou feiras de antiguidade. Às vezes basta se informar e buscar peças de novos designers ou mesmo produções quase que artesanais para conseguir colocar mais personalidade na decoração. Se ainda assim tudo estiver monótono ou se você não conseguiu nos móveis uma variedade interessante, aposte em objetos únicos e quadros que fujam do obvio. Assim você estará decorando e não apenas mobiliando a sua casa.
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