O Votu Hotel ( “votu”, em tupi-guarani, significa “vento”) adota os conceitos da biomimética para desenvolver soluções sustentáveis inspiradas na sabedoria da natureza. O projeto foi desenvolvido pelo escritório GCP Arquitetura e Urbanismo para uma linda área localizada na Praia dos Algodões – Península de Maraú, Bahia.

Uma região muito rica em biodiversidade devido aos sistemas ambientais que possui: mar, bancada de coral, mata atlântica, lagoas naturais e manguezal. Além de toda esta beleza, esta localização oferece também alguns desafios devido às altas temperaturas, bom índice pluviométrico e salinidade.

Considerando a qualidade deste lugar, seus desafios e fragilidade os arquitetos buscaram soluções de conforto térmico e eficiência energética aplicando a Biomimética.
A Biomimética é uma ciência que traduz a tecnologia que os seres vivos possuem para lidar com desafios ambientais e organizacionais. Para levar esse conceito a fundo nesse projeto, a equipe contou com a experiência da bióloga Alessandra Araujo, especialista na área, certificada pela Biomimicry 3.8.

biomimética arquitetura votu hotel Bahia

 

Um lugar tão precioso exige que as construções da região cuidem dele, assim como se preocupam com seus visitantes.

O projeto do Votu Hote abraçou esse desafio com uma abordagem inovadora de design que está de acordo com a natureza, utilizando as soluções comprovadas, favorecidas por centenas de milhões de anos evolução.

Estratégias de biomimética utilizados no projeto

As soluções com biomimética nortearam o partido arquitetônico para as suítes, fechamentos de todos os prédios e coberturas eficientes.

O organismo que inspirou a ventilação natural e constante, garantindo conforto térmico mesmo quando o espaço esteja fechado, foi o Cão de Pradaria, que faz suas tocas enterradas no solo com entradas e saídas de ar.

Esses roedores vivem em grandes colônias onde as temperaturas no verão são muito altas e baixas no inverno. Eles dependem de longas tocas subterrâneas para isolá-los de tais extremos.

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A equipe emprestou esse conceito para a Votu, usando paredes de concreto e um jardim no teto para proteger o calor. As tocas também alavancam um processo natural chamado princípio de Bernoulli, no qual o fluxo de ar é retardado pelos montes de terra dos cães da pradaria, aumentando a pressão e forçando o ar a fluir rapidamente pelos túneis.

O projeto imitou essa estratégia inteligente, otimizando a posição de cada bangalô usando simulação por computador e colocando uma proteção semi-permeável na frente dos ventos dominantes, diminuindo a velocidade e direcionando o ar para os dutos de ventilação.

O fechamento destas construções foram inspirados na capacidade de auto-sombreamento de alguns cactos, que contam com longos espinhos e dobras para mitigar os extremos de calor e exposição solar. As dobras profundas oferecem sombra parcial, resfriando o ar no lado sombreado e criando um gradiente que facilita a circulação e minimiza a absorção de calor. O projeto imita essa estratégia com brises verticais, de madeira e auto-sombreamento.

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No prédio principal a cobertura da cozinha também é um telhado verde, porém atua como um grande trocador de calor inspirado nos bicos dos tucanos. O bico grande e vascularizado do tucano é um radiador térmico extremamente eficiente, oferecendo a maior troca térmica conhecida entre os animais.

O calor da cozinha é dissipado da mesma maneira: à medida que sobe, é atraído por uma serpentina de cobre que passa pelo solo do telhado. O ar esfria à sombra de um jardim no terraço e, eventualmente, retorna à cozinha – um ar-condicionado natural que não requer energia adicional.

 

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As construções repousam sobre palafitas, como fazem os manguezais e as restingas, preservando a topografia natural e permitindo o fluxo da água da chuva e das marés.

 

 

 

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Em frente ao hotel, um bosque de bambu intercepta qualquer escoamento dos bangalôs ou das marés da praia, agindo como um filtro vivo contra salinidade, bactérias ou poluentes.

Na parte de trás dos bangalôs, a água cinza é tratada por um círculo de bananeiras, enquanto que a água negra passa por um biodigestor e um biofiltro, terminando em uma pilha de adubo que fertiliza um pomar frutífero para os hóspedes desfrutarem.

 

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A equipe procurou preservar as espécies nativas da região, minimizar o consumo de ar condicionado e eletricidade, além do bom gerenciamento da água, ventilação e o conforto térmico.

Essas exigências foram desafiadoras pela vulnerabilidade dessas praias às fortes chuvas, enchentes, erosão costeira, altas temperaturas, sal marinho e alta umidade.

O projeto do hotel possui 8 suítes com construção individual, um prédio de apoio náutico com espaço de SPA e vestiários, piscina, restaurante e área de convivência e estar.